O equilíbrio da diversidade

 

Diversidade

Pudemos assistir nos últimos tempos uma grande polarização que dividiu a sociedade humana em dois lados. Ou você é de um ou você é de outro. Meios-termos não são aceitos, você precisa decidir qual ideologia defende, qual visão de mundo adotou e qual pensamento é o que compartilha. Você não pode nem dizer que prefere ouvir os dois lados. Ou você é de um ou você é de outro. E ao optar por um desses lados você automaticamente vira inimigo do lado oposto, não é apenas um opositor ou alguém que irá questionar, você se torna um rival perigoso que precisa ser aniquilado. Suas ideias são traiçoeiras, seus discursos são contaminantes, seus comportamentos são inadequados e por isso você deve ser ridicularizado, desmoralizado, desacreditado para que suas ideias também o sejam. E estamos nessa guerra há muito tempo. O tempo todo. No mundo inteiro. O problema, como se já não fosse o bastante, é que essa polarização saiu do âmbito político e hoje está instaurado em nossas diversas relações. Seja entre amigos ou entre familiares, as pessoas não se ouvem mais, a menos que possam ouvir aquilo que elas mesmas acreditam, se sair disso elas se tornam surdas e procuram emudecer você.


E isso é burrice.


A vida não tem apenas dois caminhos. Ela aceita uma infinidade de trajetos. A vida não impõe a ninguém apenas uma visão de mundo. Ela oferece inumeráveis horizontes para que sejam apreciados e então escolhidos. A vida aceita a diversidade. E a diversidade é o que equilibra as coisas. Para existir direita, deve haver esquerda. Para que a felicidade seja valorizada, a tristeza precisa se fazer notar. Para que a vida seja adorada, a morte precisa estar por aí avisando que a qualquer momento pode chegar. E isso garante o equilíbrio. Não vivemos depressivos o tempo todo porque temos os momentos de felicidade, mas também não estamos eufóricos a vida inteira, porque os instantes de melancolia se apresentam. E passam. Como tudo nessa vida. A pluralidade é benéfica desde que façamos uso da nossa inteligência para que possamos aprender com ela. Ouvir o outro não nos fará iguais a ele, mas nos permitirá entender a sua razão de ser. E quando entendemos as razões do outro deixamos de lado o nosso mesquinho julgamento, a nossa tola condenação e passamos a respeitá-lo em sua existência porque alcançamos o equilíbrio, entramos em contato com o seu mundo, pudemos finalmente compreender a sua mente.


Polarizações não servem para nada, a não ser para estupidificar e tornar as pessoas manipuláveis. Um povo desunido, em guerra, amedrontado por conceitos que não consegue entender porque não consegue dialogar, torna-se presa fácil para mentes ardilosas que veem na opressão o seu progresso. E isso deve ser levado para os diferentes âmbitos da nossa vida. Uma pessoa que tenta colocar umas contra as outras na tentativa de fortalecer o seu próprio “partido” (sem apenas a conotação política), torna-se forte para inventar o que quiser e apavorar o quanto quiser. Quando estamos equilibrados, quando conseguimos conviver apesar das nossas diferenças, acabamos unidos e compreendidos. Saberemos que o outro não quer invadir o nosso espaço e que nós não precisamos desrespeitar o dele. E assim a vida funciona. Da melhor maneira possível. Para cada um de nós.


(Texto de @Amilton.Jnior)

Comentários

  1. Excelente reflexão! Gostei bastante e acredito na mesma perspectiva: precisamos retomar o estado de respeito pela opinião alheia, seja ela qual for.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Compartilhe comigo sua opinião!

Postagens mais visitadas deste blog

As cascas da laranja

Serviço de Psicoterapia Online

Ansiedade: Um convite para o cuidado

Viva completamente

Uma bela história