Cansaço: sinônimo para fracasso?
Vivemos tempos confusos, é verdade. Tempos nos quais parece que as coisas perderam seu significado, seu sentido e seu valor. Dentre essas coisas, está a nossa humanidade. Parece que ela passou a ser desconsiderada, desvalorizada, vista como algo frágil demais para um mundo cada mais tecnológico, inovador e transformador. Porque não podemos nos comportar como seres humanos que sentem necessidades de fome, de prazer e de descanso, por exemplo. Parece que é exigido de nós que sejamos como as máquinas criadas por outros – adivinhem só! – seres humanos... É como se não pudéssemos sentir o que humanos sentem, com isso quero dizer que não podemos mais nos sentir cansados dentro dessa lógica universal que determina que sejamos sempre produtivos!
E a inconsequência desse pensamento tem superado limites perigosos ao ponto de causar sentimento de culpa em pessoas que decidem tirar alguns minutos de cochilo para recuperar a energia. O detalhe é que esses minutos de descanso não são um mero luxo, ao contrário, são necessários para que consigamos nos manter em pé. Descansar, além de ser uma necessidade a qualquer ser vivo, é um mecanismo de sobrevivência!
Mas por que nos culpamos por interromper o ciclo aparentemente ininterrupto de produtividade quando sentimos que já não damos conta de continuar em intensa atividade? Primeiro porque temos medo. Nessa lógica desumana sob a qual vivemos, é como se demonstrar que nos cansamos fosse como demonstrar fraqueza e experimentamos a sensação de que há alguém mais forte do que nós para ocupar o nosso lugar. Precisamos lutar pelo que é nosso, não precisamos? Então nos submetemos a um esgotamento físico e mental com medo de não ter o que colocar na mesa na hora do almoço.
Por outro lado, há aqueles que se forçam a um trabalho intermitente para não ter que pensar na própria vida. Para que fique esgotado o suficiente para, quando enfim decidir que já não dá conta, simplesmente possa apagar, sem tempo para ruminações ou fantasias, sem margem para ser atormentado por questões internas que precisa resolver, mas não quer, não sabe como ou tem medo.
Primeiramente, precisamos entender que somos humanos. Aqueles que detém os meios de produção precisam reconhecer que seus “subordinados” são tão humanos quanto eles, com necessidades humanas e com limites humanos – não podem ser exigidos ao ponto de se esgotarem. E em segundo lugar precisamos entender que simplesmente nos distrair de nossos problemas não resolve coisa alguma, ao contrário, pode formar uma grande bola de neve difícil de controlar em um futuro próximo. É necessário que entendamos que como seres humanos teremos, sim, as nossas dificuldades, mas com um pouco de reflexão e paciência seremos capazes de solucioná-las. Não precisamos nos esgotar para não sentir a vida acontecer.
Eu converso melhor sobre esse tema com você no décimo episódio do Coisas da Vida Podcast que já está disponível nos principais tocadores. Clique aqui e vamos debater sobre o cansaço. Você acha que ele é sinônimo para fracasso?
(Texto de @Amilton.Jnior)
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