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Mostrando postagens de junho, 2023

O significado do "eu te amo"

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  Falar ‘eu te amo’ pode ser fácil . Talvez seja uma das coisas mais fáceis do mundo. Afinal, é uma frase composta por apenas três palavras, simples de dizer e compreender. O difícil está em viver o significado do ‘eu te amo’, compreender a riqueza de seu sentido, valorizar a profundidade de sua importância, colocar em prática o que essa frase simples, de nobreza inestimável, realmente quer dizer . Porque amar alguém, de acordo um filósofo, é amar sua existência. E dizer que se ama alguém, de acordo com uma pessoa que certa vez cruzou o meu caminho, é na verdade declarar que nossa vida não seria a mesma sem ela. Eis a profundidade do ‘eu te amo’: é, em poucas palavras, afirmar que sem a existência daquela pessoa a nossa estaria incompleta ! E não se trata apenas do ‘eu te amo’ dito aos nossos parceiros românticos. Claro que não. Porque o amor é muito maior do que isso, abrange diferentes formatos e variadas formas de relações. Pode ser aquele que declaramos aos nossos pais, avós, s...

Aceitar a nossa existência

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  Quem você é? Talvez essa pergunta o assuste. Talvez seja o maior terror de todos aqueles que serão entrevistados para uma vaga de emprego. Talvez seja o pavor dos estudantes que, em um dia qualquer, deparam-se com esse tema na lousa e o professor, todo sorridente e animado, explica que a redação do semestre será sobre quem nós somos. Temos um pouco de dificuldade de falar sobre a nossa identidade . E não é necessariamente pelo fato de não sabermos quem somos, já que temos um mundo em polvorosa gritando a todo momento em nossos ouvidos quem devemos ser e o que devemos fazer, deixando-nos confusos diante de nós mesmos. As causas podem ir além. Pode ser que tenhamos dificuldades na hora de falar sobre quem somos porque nesse confronto conosco mesmos acabamos nos deparando com características, com trejeitos, que não são exatamente os que mais apreciamos em nossa existência, mas que fazem parte da nossa constituição e nos ajudam a compreender a história que vivemos. O ponto é que pre...

Será que sabemos ouvir?

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  As pessoas têm tido dificuldade na hora de ouvir. Gostam de falar. Mais que gostam. Adoram ter uma plateia de ouvintes a qual discursar . No entanto, não conseguem ouvir uma frase de dez palavras sem interromperem aquele que lhes fala. Não conseguem ouvir. Não conseguem silenciar, ao menos um pouquinho, o ego que possuem a fim de darem abertura para que o outro se explique, se expresse, se manifeste. Não conseguem diminuir o orgulho e reconhecer que não sabem de tudo e que, portanto, precisam ouvir a fim de aprender. É uma pena. É uma pena porque é ouvindo que podemos adentrar o universo do outro, conhecer suas dores, tomar nota sobre seus sonhos, conhecer as suas expectativas em relação à vida, saber o que o aflige e como podemos ajudá-lo ao longo da caminhada por esse mundo que, se vivido solitariamente, pode parecer ainda mais perigoso. É ouvindo que podemos enriquecer o nosso próprio mundo! Mas para ouvir, teremos que colocar as nossas concepções em parênteses . Momentaneame...

Olhar para a dor

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  Na vida somos submetidos a diferentes dores . Perdemos pessoas que amamos. Perdemos o emprego que tanto adoramos. Perdemos nossos animais de estimação que tanto estimamos. Perdemos aquele vigor de outrora, do qual um dia tanto nos orgulhamos. A vida é sobre ganhar. E ganhamos muito ao longo do tempo. Mas a vida também é sobre perder. E perdemos igualmente enquanto vamos vivendo. Mas talvez o preço de ganhar seja perder. E isso é curioso, não? Fato é que essas perdas doem. Mas não apenas as perdas. As experiências da vida uma hora são agradáveis e tremendamente prazerosas. Outrora são angustiantes e profundamente dolorosas. Risos e choros. Prazeres e dores. Tudo faz parte da vida. E tudo passa. O regozijo, tal qual a desolação, passa. E outros júbilos vêm aí, assim como outros lamentos. Porque tudo faz parte da vida. Ganhos e perdas. Não se esqueça disso. Não se esqueça de que a vida não é isso ou aquilo. A vida é isso e aquilo . O problema é que não gostamos de sentir dor. E isso...

Não somos a continuação da história de ninguém

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  Alguns de nós, aprisionados por exigências feitas a eles desde quando nasceram, acreditam que possuem alguma obrigação, algum dever, para com alguém. Como se fossem responsáveis por sonhos que não sonharam, por objetivos que não traçaram, por destinos aos quais nunca desejaram se encaminhar . E acabam vivendo uma vida que não lhes pertence, uma vida que foi pensada por outras mentes, uma vida que os aliena de seus próprios anseios no mundo. Acabam, com isso, lançados a uma vida sem propósito e sem sentido porque caminham o caminho dos outros, perseguem uma felicidade que não lhes pertence, vivem uma história que não foi escrita por eles – história de alguém que talvez já nem esteja no mesmo mundo que eles. Precisamos esclarecer a nós mesmos que não somos a continuação da história de ninguém. Logo, não temos a responsabilidade de corrigir os erros dos outros, de conquistar as vitórias dos outros, de concretizar aqueles sonhos que nunca sonhamos nem sonharíamos por nada terem a ver...

Medo de passar sem passar

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  Já falamos por aqui que muitos sentem medo da morte, daquele segundo final, daquele momento no qual perderemos a nossa consciência para que nunca mais se repita. Muitos têm medo do que é que pode haver do outro lado. Medo do esquecimento. Medo da terminalidade inevitável da existência. E não podemos culpar quem sente medo da morte. Eu acredito que todos nós, em alguma medida, sentimos certo desconforto diante da ideia do “deixar de existir”. Até mesmo aquele que bate no peito e vocifera que não teme o fim. Esse é o mais medroso. E seu medo é tão alto que ele tenta silenciá-lo a partir do próprio brado. O fato é que uns sentem um medo tremendo. Outros apenas aquela sensação de vazio por não saber como é. O fim nos incomoda. No entanto, o que realmente deveria nos incomodar é o fato de que a vida passa rápido . E eu também já trouxe por aqui a ideia de Sêneca, filósofo romano, de que a vida é suficiente. E continuo concordando com ele. Sobretudo quando diz que a vida é suficiente ...

Feridas que abrem os olhos

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  A dor pode nos ensinar . É claro que no começo, quando ela arde pela primeira vez, quando estamos passando pelos primeiros momentos desde que a descobrimos, ela incomoda, angustia e até arranca lágrimas. Mas é a dor de um dente, por exemplo, que pode indicar a necessidade de um tratamento efetivo para que não o percamos; é a dor de ouvido que pode acender o alerta para uma infecção; é a dor de um osso que mostra a importância de enfaixar aquele membro para que coisas piores não aconteçam. Primeiro, a dor dói, incomoda e apavora. Depois, no entanto, a dor ensina, indica e alerta. Seja física ou emocional. A dor pode ensinar . No entanto ficamos tão focados no incômodo que ignoramos o aprendizado que poderíamos obter . Ficamos tão fixados na ardência que não conseguimos dar um novo sentido, um novo significado, ao infortúnio que sobre nossa pele arde. Não quero dizer para que ignore seu sofrimento, para que comemore quando sentir dor ou para que festeje ao invés de permitir que as ...