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Mostrando postagens de novembro, 2022

Planos e possibilidades

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  Dentro da Psicologia trabalhamos bastante com a questão do planejamento . Talvez você não saiba, mas o trabalho de um psicólogo não se resume àqueles cinquenta minutos de sessão com um paciente, vai além. O trabalho acontece de fato, como alguns dos meus professores refletem, quando o paciente já não está diante da sua presença, quando você senta para estudar aquele caso e buscar embasamento teórico para as suas conclusões. É quando começa o planejamento. Os psicólogos fazem um plano de tratamento. Após conhecer seu paciente, o profissional agora precisa pensar sobre em qual ponto se encontram, a qual ponto desejam chegar e quais passos seriam necessários para tal objetivo. É feito, então, um trabalhado norteador para que as ações e intervenções não aconteçam ao acaso, mas tenham um motivo para acontecer. No entanto, esse planejamento não está livre de intempéries, afinal, nós estamos falando sobre a vida humana e suas particularidades. Imprevistos podem surgir no caminho. Interp...

A pessoa que você esconde

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  Um dia li uma frase que nos alertava para o fato de que nunca saberemos quem poderia se apaixonar pela pessoa que escondemos. E isso faz sentido. Não sabemos quem poderia se encantar, quem poderia ser atraído, quem desejaria se aproximar da nossa existência e a ela juntar a sua . Mas vou além. Nem mesmo nós saberíamos quais incríveis experiências poderíamos experimentar se deixássemos de nos esconder, de nos ocultar, de impedir que o mundo se aproximasse e nos conhecesse com nossas particularidades e singularidades . Às vezes sentimos medo. Vivemos mesmo em um mundo que pode ser bem hostil a depender de seu humor. Um mundo que não nos aceita. Um mundo que não nos acolhe. Um mundo que não nos percebe como nós gostaríamos que ele nos percebesse. E em virtude desse medo a gente se esconde. Em virtude da ingenuidade de achar que o mundo seria capaz de nos aceitar a gente se isola . Porque o fato é que não seremos aceitos pelo mundo como um todo. Mas se nos escondermos, jamais saberem...

Chocolates, morangos e cerejas

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  Hoje quero convidá-lo para conversarmos um pouco sobre conflitos. Certa vez conversei com uma psicóloga especialista em terapia familiar e que também trabalha com resolução de conflitos e ela definiu que os conflitos se dão quando as necessidades de uma pessoa não são atendidas na sua relação com outra. E por que essas necessidades não são atendidas? Seriam coisas impossíveis demais para que outro ser humano concretizasse? Não exatamente. É verdade que existem aquelas pessoas que “viajam na maionese” e exigem dos que estão ao seu redor verdadeiros sacrifícios, ações sobre-humanas. Mas na maioria das vezes os conflitos se dão por coisas simples que não souberam ser comunicadas – ou seja, não souberam ser pedidas nem atendidas . Logo, a melhor maneira para evitar ou mesmo resolver aqueles “embates” que surgem entre nós e nossos parceiros românticos, nossos amigos, nossos pais, irmãos ou filhos, ou mesmo entre colegas dentro de um ambiente de trabalho, é o famoso e simples diálogo. ...

Após a tempestade não vem a calmaria

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  Dizem que depois da tempestade vem a calmaria, não é verdade? E eu acho que essa frase tem o seu valor e o seu sentido. Mas talvez devêssemos reformular para a ideia de que depois da tempestade vem o trabalho de restauração e, então, a calmaria , porque é isso o que acontece. Um dia, na minha casa, em uma tarde de verão, daquelas bem quentes e abafadas, o tempo fechou, tudo ficou escuro em plenas quatro horas da tarde! Uma ventania assustadora que cantava na janela, balançava portas e arrancava folhas de árvores. Não demorou muito e a tempestade começou. Uma chuva forte, volumosa, que durou bons minutos. E claro, para completar a festa não faltaram os relâmpagos ferozes seguidos de seus trovões esbravejantes. Quando a tempestade, enfim, acabou, saí lá fora. Que sujeira no quintal! Quantas folhas caídas, quanta poeira baixada, quanto aguaceiro para limpar. Chegou a hora do trabalho de limpeza. Em outros lugares nos quais árvores caíram e fios foram cortados, chegou a hora da resta...

Você já se escolheu hoje?

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  Cuidar de alguém é nobre . Dedicar-se ao bem-estar de outra pessoa é um gesto louvável, plausível, que se pode admirar. No entanto, só é genuinamente nobre quando estamos tendo o mesmo cuidado para conosco. Há pessoas que se negligenciam. Escolhem os outros em detrimento de si mesmas . Pensam que estão sendo altruístas, humildes, generosas, enquanto que, na realidade dos fatos, estão apenas sendo vaidosas – “ Admirem-me! Cuido tanto dos outros que não consigo cuidar de mim mesmo ”. Outras não o fazem por vaidade, mas por medo. Medo de ficarem solitárias, medo de serem rejeitadas, medo de nunca serem suficientes para quem quer que seja . E na vontade de superar os motivos que as levam a esses medos, acabam priorizando os outros, dando a eles posição de destaque em suas vidas, diminuindo a si mesmas enquanto aumentam a importância e relevância dos outros. Deixam de se escolher, deixam de escolher a própria vida, para escolher algo sobre o qual não podem ter certeza de que é seguro...

Quando os galhos já não nos pertencem

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  Na vida somos colocados em diferentes árvores . São os empregos nos quais trabalhamos, os relacionamentos nos quais entramos, os cursos nos quais nos matriculamos, os bairros nos quais passamos a morar, os lugares que passamos a frequentar, enfim, as situações às quais nos permitimos experimentar. E usufruímos dos frutos dessas árvores, de suas sombras e de seus refrescos. Mas chega uma hora na qual o que um dia fora tão confortável deixa de o ser . É quando precisamos bater as asas e, como o pássaro livre que reconhece que é a hora de partir, partirmos para árvores novas, para galhos desconhecidos, para situações até então não vividas. No entanto, em muitas ocasiões nos mantemos aprisionados àquelas situações que já não são confortáveis e não despertam em nós o nosso potencial criativo. E ficamos presos a elas por medo do novo, do desconhecido, daquilo de diferente que poderíamos experimentar na vida . Porque partir para novas árvores significa deixar o conhecido, o familiar, pa...

Nosso olhar sobre a vida

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  Quando você passa por um bosque o que você vê? Leon Tolstói escreveu certa vez que “ há quem passe por um bosque e veja apenas lenha para a fogueira ”. Na minha compreensão, essas pessoas que apenas conseguem enxergar lenha, perdem coisas tão preciosas e impagáveis: perdem de apreciar a sinfonia da natureza quando o canto dos pássaros, o dançar do vento por entre as copas das árvores e o pisar de passos por sobre as folhas caídas se misturam em uma melodia que não pode ser reconstituída de nenhuma outra forma. Perdem de observar a variedade de vidas e existências que ali estão, em cores variadas, em formas diversas, em presenças singulares. Um bosque não é um amontoado de lenha que o fogo consome. Um bosque pode ser o refúgio da vida e o encontro de histórias ! E como você olha para a vida? Quando a percebe, como a entende? O que enxerga nela? Só coisas ruins? Um mundo vastamente perigoso cheio de pessoas traiçoeiras? Um risco constante de morte? Um sofrimento interminável e crue...

A xícara cheia

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  Imagine que bem na sua frente há uma xícara cuja cor em seu interior é preta . Essa xícara está cheia de café até o topo. Uma gota a mais do líquido efervescente e ela transborda. Caso vá pegá-la precisará de muito cuidado e equilíbrio para não acabar manchando a roupa e se queimando. Ela está realmente cheia. Mas, o curioso, é que, mesmo com as linhas de fumaça balançando com o vento, você ainda não percebeu o quanto ela está cheia. Não registrou em seu processamento cognitivo a informação. E, então, erguendo a mão, ainda distraído na conversa com aquele amigo que há um tempo não encontrava, pede para que o garçom lhe conceda um pouco da bebida. Ele vem cumprir seu trabalho. Com tantos outros clientes a atender não presta atenção e também não percebe que já lhe serviram do café. Despeja a bebida que, assim que toca a superfície da xícara, faz o conteúdo transbordar. Que bagunça! Que sujeira! Talvez você até tenha se queimado! Acho que ficou nervoso... Mas a quem culpar pela desa...