A xícara cheia

 

Imagine que bem na sua frente há uma xícara cuja cor em seu interior é preta. Essa xícara está cheia de café até o topo. Uma gota a mais do líquido efervescente e ela transborda. Caso vá pegá-la precisará de muito cuidado e equilíbrio para não acabar manchando a roupa e se queimando. Ela está realmente cheia. Mas, o curioso, é que, mesmo com as linhas de fumaça balançando com o vento, você ainda não percebeu o quanto ela está cheia. Não registrou em seu processamento cognitivo a informação. E, então, erguendo a mão, ainda distraído na conversa com aquele amigo que há um tempo não encontrava, pede para que o garçom lhe conceda um pouco da bebida. Ele vem cumprir seu trabalho. Com tantos outros clientes a atender não presta atenção e também não percebe que já lhe serviram do café. Despeja a bebida que, assim que toca a superfície da xícara, faz o conteúdo transbordar. Que bagunça! Que sujeira! Talvez você até tenha se queimado! Acho que ficou nervoso... Mas a quem culpar pela desatenção?

Na vida acontece o mesmo. Somos essa xícara do exemplo anterior. E estamos até o topo das nossas tantas convenções, opiniões, crenças, convicções! Não há espaço para mais nada. Estamos cheios demais de nós mesmos ao ponto de, se alguém vier nos falar alguma coisa, transbordarmos! É quando alguém choroso ouve um sermão do quanto somos fortes. É quando alguém que não acredita nas mesmas coisas que nós, ouve uma palestra na qual tentamos convertê-la ao nosso lado. É quando alguém incomodado com alguma de nossas posturas, realmente arrogantes, ouve o quanto é rude e mesquinha para conosco. Isso porque estamos tão cheios de nós que não há espaço para recebermos um pouquinho que seja do outro.

E assim não nos compreendemos. Não conseguimos nos ouvir. Não conseguimos olhar para os nossos semelhantes com respeito, compaixão e empatia. Tão cheios de nós, ouvimos os nossos pensamentos quando é a outra pessoa quem nos fala. Tão cheios de nós, achamos que todos contemplam o mundo como nós o contemplamos. E ignoramos o fato de que, além de existir esse direito, cada pessoa vislumbra a vida de sua própria maneira.

Vamos conversar um pouco mais sobre essa tal xícara cheia e como podemos fazer para, em nossos encontros com as outras pessoas, adotarmos uma postura de verdadeiras abertura e escuta? Basta clicar aqui e ouvir o episódio “A Xícara Cheia” da primeira temporada do podcast Coisas da Vida. Será um prazer saber como você esvazia a sua xícara para que outro a preencha com um pouco do que ele tem a oferecer!

(Texto de @Amilton.Jnior)

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