Blog Amilton Júnior

  Na vida somos submetidos às mais diferentes situações, não é verdade? E tudo acontece tão depressa em dados momentos... Em uma hora estamos rodeados por amigos queridos e especiais dando risadas altas e contagiantes, esquecendo-nos de nossos problemas, afastando-nos, ainda que temporariamente, das muitas obrigações que se colocam às nossas costas. Mas na hora seguinte tudo muda. Podemos receber uma notícia devastadora. E aquela alegria embriagante se afasta como o dia se vai quando a noite chega . E ficamos cheios de dúvidas, paralisados, tentando entender a razão das coisas, a fragilidade humana. É quando somos confrontados pelo fato de que sempre teremos que conviver com certa dualidade da existência – ela tem seus momentos inspiradores, mas também reserva instantes de dor. Mas é no choro que reconhecemos a importância e o valor do riso. Ou, nas palavras de Jean Rostand, “ é durante a noite que é belo acreditar na luz ”. O que acontece durante a noite é que sabemos que o dia v...

  Quando gostamos de alguém, seja o amor da nossa vida, nosso filho ou nosso amigo, queremos passar ao seu lado o maior tempo que nos for possível. A eternidade seria uma boa pedida. Mas, sabendo que a eternidade é impossível, então queremos ao menos a maior quantidade que pudermos desfrutar . Contudo, quantidade não é tudo. Aliás, existem pessoas que conviveram uma com a outra por quarenta, cinquenta, sessenta anos, mas pouco ou nada sabiam a respeito delas! Enquanto que existem pessoas que puderam conviver apenas cinco ou dez, mas foram de tanta grandeza e intensidade que foram capazes de descobrir coisas que os desatentos, ainda que alcançassem o milênio, jamais descobririam. A diferença? Na convivência não importa a quantidade, mas a qualidade de tempo que teremos uns com os outros . Tem havido qualidade no seu tempo com as pessoas que lhe são especiais? Ao estar com elas, você está, de verdade, com elas? Não foge aos próprios pensamentos? Não se distrai com os próprios devanei...

  Nós nem nos damos conta, até que percebemos que não somos tão divisíveis quanto pensávamos e que chegamos ao nosso limite . E, então, entendemos que precisamos nos cuidar. Mas às vezes essa noção chega um pouco tarde. Quando já estamos enfraquecidos. Sem ânimo para mais nada. Sem forças para continuarmos a nossa caminhada. O fato é que erramos ao nos comprometermos com o bem-estar de todo o mundo e nos esquecermos de que precisamos estar em primeiro lugar na nossa lista de prioridades . É bonito querer cuidar das outras pessoas. Talvez seja inerente à nossa condição humana esse olhar preocupado com os outros. Mas antes de nos dedicarmos às existências alheias, é necessário que dediquemos zelo e amor à nossa própria . Caso contrário, além de não sermos capazes de cuidarmos das outras pessoas, ainda perdemos a chance de viver a nossa própria história. E digo isso porque muitos têm se enchido de obrigações e não têm se cuidado, não têm observado com detalhe sua saúde física ou emoci...

  É compreensível que a ideia de que vamos morrer nos assuste. Porque não queremos deixar a vida. A vida é bela, a vida é grandiosa, a vida é cheia de realizações que queremos aproveitar, degustar, saborear. Então é uma pena termos que partir . É uma pena termos que ir embora. É uma pena que estejamos condenados à morte. Então é compreensível que a finitude nos assuste. Mas é incompreensível que o medo de morrer se sobreponha ao medo de não passar pela vida . Porque a morte não deveria nos assustar tanto. Deveríamos ter medo, realmente, do fato de que muitos passaram pelo mundo, mas não passaram pela vida. Estiverem nesse mesmo planeta que nós, mas pouco ou nada viveram. Respiraram esse ar, tomaram dessa água e desfrutaram dessa sombra, mas ao mesmo tempo não sentiram o ar, não contemplaram o significado da sombra e não puderam descobrir o gosto da água. Porque estiveram no mundo, mas não estiveram na vida. Isso é o que deveria assustar a você. O fato de que idade não quer dizer na...

  Não é porque não dói em nós que não é real . Não é porque não sentimos na nossa própria pele que o outro está mentindo, inventando, dramatizando ou querendo chamar a atenção. Não é porque a minha realidade é tão plena e satisfatória, por mais estranho que isso pareça, que a realidade de todo o restante do mundo é igualmente equilibrada e completa. Somos pessoas distintas. Seres humanos singulares. Possuímos o nosso próprio universo apesar de compartilharmos do mesmo tempo e espaço. Somos únicos. As marcas em nossos dedos somente nós possuímos. De maneira que passamos por situações parecidas, talvez as mesmas, mas a forma como as interpretamos difere e nos trazem sentimentos igualmente opostos . Dito isso, não podemos desmerecer a luta das outras pessoas. Não temos o direito de apontar o dedo para elas e dizer pelo que devem ou não lutar ou chorar. Todos temos uma causa própria. Todos temos um objetivo próprio. De forma que todos teremos lutas apenas nossas que precisarão ser enfr...

  Não. Não é justo termos que nos anular em virtude de uma sociedade sempre tão exigente e controladora. Não é justo termos que nos limitar em razão de pensamentos tão mesquinhos e apequenados. Não é justo termos que abrir mão dos nossos potenciais, da beleza de nossa capacidade, porque o mundo não pode suportar o brilho de nossa autenticidade, a sombra de nossa grandeza . Não é justo que, pelas visões limitadas de uns, devamos ignorar a completude do horizonte que somos capazes de contemplar. Não é justo que, sendo capazes de uma vida grande, nos tornemos pequenos por aqueles que, rendidos à própria pequenez, esperam dos outros que também se apequenem. Não é justo abrir mão da nossa vida porque alguns fizeram o mesmo . Com isso quero dizer para que não se esprema para caber em caixinhas que não pertencem a você, para se modelar a moldes que nada condizem com a sua verdade, que em nada se encaixam à sua formosa essência. Atente-se para o fato de que a visão encurtada daqueles que o...

  Precisamos ter como propósito na vida a ideia de fazermos com que um dia seja melhor do que o outro, por mais difícil que isso pareça. E parece difícil porque temos a tendência de pensar que para fazermos da nossa existência algo melhor todos os dias, devemos conquistar coisas exorbitantes , realizar sonhos irreais, cumprir com fantasias fantásticas demais para as possibilidades que possuímos. Mas não. Não precisamos ir muito longe para que cada dia seja único e especial. Não precisamos hoje tocar a Lua, amanhã colonizar Júpiter e depois de amanhã descobrir um outro sistema solar igualzinho ao nosso. Nada disso é necessário. Porque fazer a existência valer a pena está em vivê-la atento às simplicidades . Porque, sabe de uma coisa ? Talvez os segredos do Universo estejam protegidos pelas coisas simples que ignoramos . Primeiro que para fazermos um dia melhor que o outro basta que não repitamos os erros que cometemos antes do sol renascer. E isso é muito simples. Que tal criar o há...