Blog Amilton Júnior

  Família . Muitos construíram as suas. E tantos outros sonham em encontrar alguém com quem possam dar origem à sua própria família. E isso é muito bonito na teoria, na zona do pensamento, quando simplesmente imaginamos como seria acordar, em uma chuvosa manhã de domingo, com aqueles gritinhos agudos de uma criança agitada. Não que não o seja na prática, na vida real. A questão é que na vida que acontece para além de nossos devaneios, no exato aqui e agora, a realidade não corresponde exatamente aos nossos ideais , precisamos lidar com conflitos causados por divergências, causados por diferenças, causados, acima de tudo, pelo fato de que a convivência humana, seja ela de qual tipo for, sempre foi conturbada. Somos distintos uns dos outros. É natural que as dificuldades surjam a partir disso. Mas, então, o que acontece é que, confrontados por essas “adversidades naturais”, muitos desistem da família, a rotulam de ruim e aprisionadora, como se ela fosse a responsável por nossas maior...

  Muitos têm procurado por um superficial padrão de beleza. Um corpo torneado, bronzeado, sarado. O cuidado com o corpo é uma necessidade, claro. Mas idealizações tão rígidas e restritivas não deveriam fazer parte do significado do belo. Porque a beleza é bem mais do que músculos que o tempo deixará fraco ou mais do que uma pele brilhante que o tempo fará enrugar. Quando nos prendemos à superficialidade do que é considerado belo, frustramo-nos quando descobrimos que além de superficial, é efêmero . “Os corpos bonitos nunca serão bonitos para sempre. As almas bonitas serão” (Arthur Diogo) Repito. O autocuidado é uma necessidade . Precisamos olhar no espelho e nos sentir bem quando encontramos nele o nosso reflexo. E precisamos fazer o que estiver ao nosso alcance para que conquistemos essa imagem. O problema surge quando, para atender a expectativas (nossas ou de outros) tão irreais e idealizadas, adotamos posturas e atitudes que apenas nos prejudicam e só nos fazem perceber o quã...

Não é nosso dever adotar a postura de “salvadores da pátria”. Não somos responsáveis por garantir alegrias, contentamentos ou satisfações a quem quer que seja . Muito menos está em nossas mãos o poder de resolver os problemas de alguém, afinal, em tantos momentos nem mesmo os nossos nós conseguimos solucionar e, assim, incomodados pelas nossas dores, como seremos capazes de sarar a dor de alguém? Então, não! Não é de nossa responsabilidade salvar a quem quer que seja. Pelo menos não de forma obrigatória, compulsiva ou impossível de ser rejeitada, como quando temos dificuldade de colocar limites entre o campo que nos pertence e o campo que pertence aos outros. No entanto, podemos ser abrigos, podemos ser aqueles que abrem os seus braços em um momento de dor, que oferecem seus ouvidos em um instante de desespero, que concedem sua companhia em uma hora de árdua e intensa solidão . Não temos o poder de curar ninguém – ao menos da forma como se compreende a cura. Mas talvez tenhamos a capac...

  “Desde que minha vida saiu dos trilhos, sinto que posso ir a qualquer lugar” (Zack Magiezi) Em alguns momentos da nossa vida pode acontecer de as coisas “saírem dos trilhos” . Algo dá errado, ficamos desestabilizados, somos forçados a encarar a vida a partir de perspectivas completamente novas. Não queríamos. Mas os desafios da existência nos impuseram que mudássemos a rota, atravessássemos pontes e desbravássemos paisagens inteiramente novas. Somos obrigados a deixar a tão confortável zona do familiar e adentrar a desconfortável área do desconhecido . Só que nesses momentos que não costumamos buscar ativamente, que, se pudéssemos, escolheríamos nunca precisar vivenciar, acabamos descobrindo potenciais dentro de nós até então adormecidos, ignorados, minimizados. Quando a vida sai dos trilhos a gente consegue entender que ela não precisa seguir a padrões, a rotas preestabelecidas, a mapas há muito desenhados . A gente descobre que é sim possível viver coisas novas desde que haja v...

  Viver completamente talvez seja um dos maiores desafios que enfrentamos nessa experiência do estar vivo – ou talvez seja o maior de todos. Isso porque nos é difícil viver a vida com completude, passar por ela por inteiro, aproveitá-la em seus mínimos detalhes. Seja porque nos limitamos a nós mesmos com medo do novo, com medo do alheio, com medo das opiniões, seja porque preferimos a famosa zona de conforto, sempre tão cômoda, aconchegante e aparentemente acolhedora. E assim não nos desenvolvemos, não damos conta do tamanho de nossos potenciais e, portanto, ficamos pela metade, vivemos pela metade, encurtamos a vida . E a vida já é efêmera demais para que a tornemos ainda menor. Mas... pensando bem... a realidade, como já apontavam os antigos filósofos, é que a vida é suficiente. E é concedida a todos que aqui estão. A questão é como utilizamos essa quantidade de tempo. Como aproveitamos a chance de por aqui estar. Que uso fazemos da oportunidade que nos foi concedida de passarmo...

  Tem gente que vive afobada, ansiosa, terrivelmente preocupada em fazer o máximo de coisa no menor tempo que lhe for possível. Essa gente vive cansada e insatisfeita – parece que quanto mais correm, menos tempo têm . E tem gente que vive despreocupada, lentamente, assombrosamente inerte diante de coisas importantes que precisamos fazer enquanto temos a chance. Essa gente vive imóvel e entediada – os braços cruzados não lhes permitem abraçar os presentes da vida . E tem gente que ao usar o tempo é sensata. É essa que temos que imitar. “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo” (José Saramago) Sábio conselho esse, não?! Primeiro o autor nos traz uma lição importante: que possamos nos afastar da pressa. Dizem que a pressa é inimiga da perfeição. Eu não acredito em perfeição, mas concordo que com pressa não conseguimos oferecer o nosso melhor ao que nos propomos fazer. Fica de qualquer jeito. Sem acabamentos. Sem aqueles necessários retoques. A afobação nos faz passar pela vida se...