O incômodo da vida simulada
Quando penso sobre o mundo no qual vivemos às vezes concluo que ele é baseado em aparências. Vivemos mascarados, como se em uma eterna atuação, usando máscaras que escondem a nossa face, maquiando palavras e disfarçando gestos. É como se simplesmente desempenhássemos um papel. Mas não é qualquer papel, claro que não. É um que chama a atenção, que de certa forma impressiona, que tenta, de alguma maneira, convencer a plateia ao redor sobre o quanto somos bons. Porém, tudo não passa de fingimento. De encenação. Vivemos uma vida que não é verdadeira, que nem mesmo queríamos viver. Mas a vivemos porque nesse mundo de aparências é o que mostramos que realmente importa.
Só que isso nos incomoda, tortura e condena a uma vida frustrada, sem encanto, sem o prazer da liberdade de criar nosso próprio caminho. Isso nos lança a um mar de conformismo tedioso. Mutilamos a nós mesmos. Deixamos de lado sonhos. Rasgamos projetos. Desconsideramos desejos. Tudo porque eles não cabem no teatro no qual transformamos a nossa existência. Ao invés de uma vida autêntica, vivemos em uma vida alienada: alienada de nós mesmos. Sêneca soube descrever essa postura brilhantemente: “prefiro ser desprezado por viver uma vida simples, do que ser torturado por viver em constante simulação”.
A vida simulada nos incomoda, angustia, paralisa. A vida simulada nos faz viver situações e encarar circunstâncias que não nos agradam, não nos atraem, que nada têm a ver com a nossa inclinação pessoal. Pensamos como não gostaríamos. Agimos como não queríamos. Vivemos de maneira superficial, em pura representação. E isso nos tortura. Tortura-nos porque precisamos fingir o que não somos o tempo todo. Constantemente. Sempre. Caso contrário a personagem perde a credibilidade e talvez sejamos desprezados pela simplicidade de nosso ser.
Mas e daí? Até quando nos anularemos em função dessa sociedade que tanto preza por aparências? Até quando deixaremos de desfrutar das alegrias da vida entregando-nos a simulações que apenas nos fazem reconhecer o quanto estamos distantes e separados da história que realmente gostaríamos de escrever? Até quando entregaremos o lápis em mãos alheias renunciando ao nosso direito de sermos quem somos? De vivermos o que queremos? De conquistar o que de fato almejamos? Até quando seremos torturados pela dor de renunciarmos a nós mesmos?
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(Texto de @Amilton.Jnior)
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Boa Noite gostei muito de sua postagem. Obrigada.
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