Blog Amilton Júnior

  Acostumados às mesmas rotas e roteiros, pouco nos sentimos desconfortáveis. Porque o familiar dá a sensação de segurança, de constância, de que tudo vai bem e corre na mais perfeita ordem . Dá-nos a sensação de previsibilidade. E nós, seres humanos, amamos quando temos alguma ideia do que é que nos espera nos minutos, horas e dias seguintes. Queremos nos preparar. Queremos saber o que é que nos aguarda. No entanto, nem sempre o trem da vida segue pelo mesmo trilho e pode acontecer dele ter que se desviar . Seja por causa de um acidente, seja uma árvore que tombou no meio do caminho, seja pelos trilhos que estão corroídos pelo tempo. Acontecem coisas que nos forçam a deixar a tão previsível rota e o já decorado roteiro para nos aventurarmos por caminhos completamente diferentes daqueles que já conhecemos. No começo pode ser difícil. Doloroso até. Acostumar-se com coisas novas e diferentes pode nos lançar a um desafio constante. Teremos que nos adaptar. Teremos que ficar vigilantes...

  Muitas pessoas buscam, de forma irracional e equivocada, pelo tal ideal da perfeição . Não é que procurem por alguma placa de determinada banca na qual esteja exposto o anúncio “Seja perfeito”. Porém, os tantos ideais que são vendidos por aí, sejam eles do corpo que atrai, do sorriso que seduz ou mesmo do modo de falar que impressiona, prometem, ainda que de forma velada, que ao serem cumpridos então teremos uma vida impressionante, realmente satisfatória, feliz, perfeita ! Ideais, no entanto, que se alteram dia após dia. De maneira que, para ser aceito e perfeito, talvez hoje você deva usar cabelos vermelhos, só que amanhã esse ideal já terá se transformado e a moda será cabelos azuis! E, assim, vivemos em busca de algo que não é estável, que se modifica a cada instante, uma busca cansativa e incessante. Porque ideias são assim mesmo. São voláteis, mudam de forma e essência. Ao contrário dos fatos que são o que são, passe o tempo que passar ! Ao invés de perseguirmos formas que ...

  Em nossas humanas relações por vezes falhamos uns com os outros, mesmo quando mais queríamos acertar . Isso porque a paciência e a compreensão nos faltam, afinal, não somos seres plenos de calmaria e tranquilidade, temos nossos momentos de falta de equilíbrio e acabamos pronunciando palavras ou demonstrando gestos dos quais nos arrependemos porque serviram para machucar, ofender ou diminuir alguém que a nós é importante. O problema maior é quando essas palavras e esses gestos são interpretados como sendo parte de quem o “agressor” é . Pegamos alguém e o definimos pelo seu discurso e pelo seu gesto pontuais. Normalmente tranquilo e respeitador, ele teve um momento de “explosão”, mas pegamos esse recorte e passamos a confundir o instante com a completude e, por isso, erramos. Erramos porque há alguém por trás dos discursos e dos gestos . Há alguém que naquele acesso de raiva talvez esteja pedindo socorro e auxílio. Há alguém que por trás de uma atitude inesperada pode estar suplica...

  Parece que vivemos em constante julgamento. Julgamos e somos julgados. E esses julgamentos são sempre injustos, porque não permitem que todos os lados sejam ouvidos, permitem apenas que o dedo apontado tenha o direito de decidir pelo que será feito . E esses injustos julgamentos são também impiedosos. Retiram das pessoas a sua dignidade, o seu senso de humanidade, de pertencimento à espécie humana. O julgamento rotula, minimiza, desqualifica e limita. O julgamento não nos permite que olhemos para as pessoas perguntando-lhes “ quem é você ?”, o julgamento nos faz olhar para quem está ao nosso lado com a certeza “ eu digo quem você é ”, e nossas definições são, constantemente, baseadas em critérios egoístas que nos levam a conclusões ignorantes . Além de julgadores nós somos julgadores ignorantes. Ignoramos o direito do outro de contar a própria história e ignoramos a nossa incapacidade de dizer pelas pessoas quem elas são. E julgamos por tantas bobagens. Por assuntos que não influ...

  Se você já for um adulto, alguém que passou da fase das fantasias infantis e dos sonhos adolescentes, já deve ter entendido que tudo nessa vida é impermanente . Que as coisas não são como sempre foram e nem serão como são agora. Porque na vida tudo está em um constante movimento de transformação, de mudança, de travessia . Inclusive nós mesmos. Porém esse é um fato que nos incomoda e desperta em nós sentimentos confusos, por vezes difíceis de suportar, amargos ao paladar. Então preferimos ignorá-lo. E ao invés de passarmos junto à vida, assumindo, assim, nossa impermanência, ficamos nos aprisionando a ideias rígidas e imutáveis sobre nós, sobre os outros e sobre o mundo . Lutamos contra a inevitabilidade da vida. E nessa luta sofremos, causamos nossas próprias feridas e não permitimos que elas sejam cicatrizadas. Porque lutar contra a impermanência da vida é como lutar contra a força de um rio sempre em movimento. Ainda que consigamos criar uma barreira, as águas se chocarão cont...

  Relacionamentos amorosos . Talvez você viva algum. Talvez queira viver algum. Talvez tenha saído de forma conturbada de algum. Talvez tenha terminado algum porque chegou a hora de encerrar o ciclo. E talvez não queira viver nenhum. O fato é que os relacionamentos amorosos sempre farão parte do nosso imaginário, sempre serão retratados nos livros e nos filmes, sempre serão discutidos em rodas de conversa. Mas também é fato que os relacionamentos amorosos não se sustentam com a ingenuidade dos contos de fadas, nem com o calor da paixão dos contos mais quentes . Os relacionamentos amorosos envolvem mais do que um amor idealizado ou uma luxúria descontrolada. Os relacionamentos amorosos exigem coisas de alma. “ Eles querem coisa de pele, a gente tem coisa de alma ”. Essas palavras cantadas por Projota resumem bem a ideia do primeiro parágrafo. O que quero dizer é que a superficialidade com a qual muitos adentram em relacionamentos amorosos é a responsável pelo fim trágico, às vezes p...